O Amor na sociedade das novas tecnologias

«Por vezes cometemos erros, mas isso é o preço a pagar para corrigir os nossos erros pessoais»

20 de dezembro, 2007
«Quantas vezes falamos, investigamos, escrevemos, recebemos comunicação, mas olhamos para o lado e estamos sozinhos»

“STOP! Pare… conheça… procure ajuda… arrisque! Saiba como comunicar na sociedade das novas tecnologias. Hoje seria inimaginável viver sem o recurso às novas tecnologias”. Foi deste modo que a psicóloga Carina Guimarães e docente da Universidade da Beira Interior, iniciou a sua comunicação no encontro de reflexão realizado no passado dia 17 de Dezembro de 2007, no Centro Social das Lameiras, em Vila Nova de Famalicão, numa parceria conjunta entre a LOC/MTC – Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos e a Associação de Moradores das Lameiras. Para Carina Guimarães, que foi interpelando e dialogando com os cerca de três dezenas de participantes, “é inimaginável voltar atrás no tempo. Esta sociedade tem dificuldade em estagiar, mais do que proibir é preciso saber utilizar. Amar incondicionalmente supõe regras e às vezes cometemos erros, mas isso é o preço a pagar para corrigir os nossos erros pessoais”, disse.

“Só conseguiremos amar incondicionalmente o outro se nos amarmos em primeiro lugar. O amor é algo de muito exigente e os pais devem ser os primeiros responsáveis por manifestar e educar o amor, para não corrermos o risco das actuais conversas virtuais, onde o imaginário, pode trazer a morte. Daí ser necessário parar alguns momentos. Se pararmos o nosso relógio um dia, haverá sempre dois momentos desse dia em que ele estará certo! Por isso não podemos estacionar! É preciso circular”. Rematou
Entretanto, José Maria Costa, falando na condição de dirigente diocesano da LOC/MTC, fez o enquadramento daquele encontro de reflexão com o plano de acção daquele Movimento da Acção Católica, que neste ano social tem as suas acções centralizadas no “Trabalho e Família”, como fontes de “Valorização de Vida”. Numa altura em que o conceito de trabalho está a ser debatido na sociedade a nível governamental, político e sindical, deve merecer uma atenção e um debate bem aprofundado, na defesa dum trabalho digno e justamente remunerado; A família, pela importância que tem como núcleo de educação para os valores da partilha, solidariedade e vivência da cidadania, continua a ser um espaço oportuno para reafirmar a esperança no modelo que aponta para a responsabilidade de cada um na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
“A sociedade das novas tecnologias trás uma série de novas oportunidades de comunicação entre as pessoas. Só que, na maioria dos casos, esta comunicação é feita à distância. Quantas vezes estamos entretidos no telemóvel, no computador, nos jogos virtuais, falamos, investigamos, escrevemos, recebemos comunicação, mas olhamos para o lado e estamos sozinhos. Têm-nos feito crer que bastará apenas um pequeno clique, como um estalar de dedos, num abrir e fechar de olhos, para que tudo apareça feito, como o trabalho, as compras, os estudos, ficando para trás o verdadeiro relacionamento humano. Isto leva a que muitas pessoas se furtem ao diálogo, ao confronto de ideias, ao prazer de olhar os outros cara na cara, olhos nos olhos e de descobrir que o outro tem algo para me dar, como eu também tenho algo para dar e receber. Só assim o amor poderá guiar a vida das pessoas nesta sociedade em permanente mudança”, concluiu.
Esta reflexão enquadrou-se na preparação das Festas de Natal e nos planos de acção das duas organizações promotoras, “Trabalho e Família, Valorização de Vida”, pela LOC/MTC e “Construir a Igualdade – Promover a diversidade” pela AML.