Comissão Social Inter-freguesias de Antas e Calendário, identificou situações de pobreza

17 de novembro, 2008
Comissão Social Inter-freguesias de Antas e Calendário, identificou situações de pobreza

A CSIFAC - Comissão Social Inter-Freguesias de Antas e Calendário, de que a Associação de Moradores das Lameiras faz parte, identificou algumas situações de pobreza marcantes no meio, como: o elevado número de famílias que estão a passar por dificuldades económicas, revelando incapacidades de cumprir os compromissos que assumiram com os bancos e outras entidades financeiras. Mesmo assim, muitas delas procurarem esconder a sua pobreza. Foi revelado que nas Instituição Particulares de Solidariedade Social (IPSS), muitos pais aquando da inscrição dos filhos e pagamento das mensalidades, tentam negociar o valor da comparticipação, situação que em anos anteriores nunca se tinha verificado. Esta situação também se prende com o facto de as famílias não quererem abdicar de certos bens materiais. Verifica-se ainda que alguns pais desempregados retiram os seus filhos das IPSS, provocando nestas uma diminuição drástica nas listas de espera; (Veja comunicado na integra).

Comunicado

A CSIFAC – Comissão Social Inter-Freguesias de Antas e Calendário, constituída por representantes de dezoito entidades com sede no território destas duas freguesias, reunida no dia 12 de Novembro de 2008, no seguimento da reunião anterior, decidiu tornar público o seguinte comunicado:

1. Tem sido preocupação desta Comissão Social articular um conjunto de boas práticas e intercâmbio entre as diferentes instituições, para a rentabilização de um trabalho em parceria, que tem como principais beneficiados a população das freguesias de Antas e Calendário e ainda as restantes freguesias do Concelho de Vila Nova de Famalicão, porque uma parte das instituições aqui representadas têm um âmbito bastante mais alargado;

2. Nesta perspectiva, a CSIFAC reúne bimestralmente, uma vez em cada uma das instituições que a integram. Em todas as suas reuniões é reservado um tempo para diagnóstico e análise da situação laboral e social, retratada pelo GAAS – Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social, que apoia a população mais carenciada das duas freguesias, sendo notório o aumento de número de processos da população residente que recorre àquele Gabinete, com pedidos de socorro para a situação lastimável em que se encontram. Apesar dos poucos recursos que dispõe, o GAAS é para muitas famílias como um oásis no meio do deserto, sempre pronto a dar o melhor apoio àqueles que mais precisam;

3. A CSIFAC identificou como problemas mais marcantes do meio, o elevado número de famílias que estão a passar por dificuldades económicas, revelando incapacidades de cumprir os compromissos que assumiram com os bancos e outras entidades financeiras. Mesmo assim, muitas delas procurarem esconder a sua pobreza. Foi revelado que nas Instituição Particulares de Solidariedade Social (IPSS), muitos pais aquando da inscrição dos filhos e pagamento das mensalidades, tentam negociar o valor da comparticipação, situação que em anos anteriores nunca se tinha verificado. Esta situação também se prende com o facto de as famílias não quererem abdicar de certos bens materiais. Verifica-se ainda que alguns pais desempregados retiram os seus filhos das IPSS, provocando nestas uma diminuição drástica nas listas de espera;

4. Foi afirmado que “por vezes não são aqueles que estão desempregados os que apresentam maiores dificuldades, mas sim aqueles cujos salários são muito baixos e têm filhos em idades escolares”. Enquanto isto, também se verificam situações de “desemprego voluntário, pois é frequente as pessoas recusarem ofertas de emprego ou então não o procurarem activamente”, como algumas das jovens mães desempregadas, cujo subsídio, por ser próximo do salário mínimo, preferem não matricular os filhos nas creches e infantários, optando por ficar em casa, chegando a afirmar que “trabalhar não compensa”;

5. Por outro lado, as famílias com membros portadores de deficiência estão a encontrar sérias dificuldades na atribuição de apoios e subsídios por parte das Instituições. As pessoas desresponsabilizam-se e imputam a responsabilidade às entidades públicas, sendo estas que têm de resolver os seus problemas. Também se verificam casos de pobreza subjectiva, que se transforma, por sua vez, numa pobreza cultural;

6. Consta-se que crise é real e a recessão também atinge as instituições, que começam a enfrentar sérias dificuldades nas respostas aos casos que lhes são apresentados de pobreza imerecida da população. Verifica-se também a falta de instituições capazes de responder à problemática da terceira idade. Não só as respostas são insuficientes, como o futuro é preocupante por não se vislumbrar um aumento significativo de investimentos neste domínio. As que existem estão sobrelotadas e muitas vezes são os próprios serviços sociais do hospital local a solicitarem apoio domiciliário para doentes que estão internados, à espera de alta, procurando que os cuidados continuados passem a ser prestados no domicilio. Sucede que as instituições nem sempre podem dar uma resposta positiva por falta de meios técnicos e recursos humanos, sobretudo quando o número de serviços protocolados com a Segurança Social está esgotado;

7. Animador é o crescente número de pessoas que recorrem aos serviços prestados pela LIPAC, em busca de tratamento do alcoolismo e da toxicodependência. Apesar da CSIFAC ter desenvolvido um bom trabalho junto das populações e na mediação de alguns conflitos sociais, torna-se necessário que esta tenha mais e melhores meios e que a sua voz se faça ouvir junto do CLAS – Conselho Local de Acção Social, em particular junto do seu núcleo executivo.

Calendário, 12 de Novembro de 2008

A Comissão Social Inter-Freguesias de Antas e Calendário da Rede Social de Vila Nova de Famalicão