O Desemprego e a Dignidade da Pessoa Humana

O Emprego é mais que um emprego...

29 de janeiro, 2004
Participantes no Encontro sobre Desemprego e dignidade humana

“Para nós emprego é mais que um emprego, é algo que todos deveriam ter direito, a fim de poderem dar o seu contributo para desenvolvimento da sociedade”, afirmou Américo Monteiro, Coordenador Diocesano da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), num encontro de reflexão, sobre o “O Desemprego e a Dignidade da Pessoa Humana”, promovido em conjunto, pela LOC/MTC de Antas e a Associação de Moradores das Lameiras (AML), no passado dia 27 de Janeiro, nas instalações do Centro Social e Comunitário da AML. Os números apresentados por Sandra Costa, psicóloga na área do trabalho e coordenadora da UNIVA – Unidade para a Inserção na Vida Activa, das Lameiras, não deixam dúvidas, o desemprego tem-se agravado no Concelho de Vila Nova de Famalicão. Segundo dados recolhidos junto do Centro de Emprego, o número de inscritos até Dezembro de 2003 totaliza 7.751. O trabalho apresentado em números, com relatos à mistura de situações de angústia de jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração, revelam o drama de muitas famílias que compraram casa e de um momento para o outro vêm-se sem os meios financeiros adequados para liquidarem, junto dos bancos, as comparticipações mensais. Outras retiram os filhos das creches e infantários, a fim de pouparem nas mensalidades.

Significativos foram os diversos testemunhos apresentados, mais concretamente pela jovem Ana Raquel, com 19 anos, que tem “saltado” de trabalho para trabalho, sem ter conseguido um emprego fixo, só porque lhe é pedida experiência profissional. Perguntava: “como pode uma jovem à procura do primeiro emprego ter experiência profissional?”, enquanto Fátima Mesquita, com 52 anos, desempregada de longa duração, revelava a angústia do que é estar desempregada, sem se sentir útil à sociedade, a falta de convivência com os amigos e a angústia de, nesta idade, ninguém a requisitar para trabalhar, esperando neste momento uma oportunidade para um curso de formação profissional. Américo Monteiro, referindo-se à Dignidade da pessoa humana, acrescentava: “perder o emprego é perder algo de nós próprios, algo da nossa realização pessoal. Perdemos a nossa auto-estima e os nossos meios de subsistência”. No entanto, “não podemos ver só o lado trágico das coisas. É preciso dar relevo ao valor dos Direitos Humanos. Hoje quem tem emprego é um privilegiado mas, tirar o emprego às pessoas é das coisas mais terríveis que pode acontecer a um ser humano..