O momento que mereceu maior debate por parte dos participantes foi, sem dúvida, a insolvência das famílias. Ana Passos alertou para os vários “truques publicitários” que os bancos ou empresas financeiras usam, para apanhar as famílias desprevenidas, sujeitando-as a situações, que depois de entrarem nelas dificilmente podem sair. As facilidades tornam-se muitas vezes em pesadelos, alertou. Informou ainda que em caso de endividamento e de penhora de salário, esta nunca pode incidir sobre o salário mínimo nacional (475 €) nem pode ser superior a um terço do salário total. Referiu depois que a lei de insolvência que se aplica às empresas é a mesma que se aplica às famílias. Se uma família muito endividada não tiver recursos para saldar as dívidas pode pedir ao tribunal a declaração de insolvência. O tribunal se assim o entender, declarará a insolvência e nomeará um administrador, que durante cinco anos, será ele o gestor daquela família. Ao fim daquele tempo, a família em causa ficará com o seu cadastro limpo, podendo voltar à sua vida normal, concretizou. Esta parte foi a que mereceu mais pedidos de explicação não só da população presente como dos técnicos que trabalham na Rede Social. Todos foram unânimes que é necessário reflectir melhor esta questão, que é nova, para a maioria dos participantes no colóquio.
Abriu o Colóquio sobre o “Endividamento das Famílias” o Presidente da Junta de Freguesia de Calendário, Armindo Gomes, que se congratulou com aquela iniciativa na sua freguesia, por sinal a maior do concelho de Famalicão. José Maria Carneiro Costa, presidente da CSIFAC fez o enquadramento daquela actividade no plano de acção da Comissão para 2010. Referiu que a CSIFAC está preocupada com dois aspectos muito marcantes nas duas freguesias: a questão da convivência entre etnias e o desemprego que se materializa na pobreza e no endividamento das famílias. Para Pedro Sena, Vereador da Câmara Municipal, com o Pelouro de Defesa do Consumidor, que presidiu aos trabalhos, “é necessário alargar a discussão sobre este assunto” e acrescentou que a Câmara Municipal prepara um protocolo com a DECO para que as famílias Famalicences possam recorrer àquela organização sem gastarem dinheiro. Disse ainda que brevemente o seu Pelouro irá organizar um Colóquio sobre o mesmo assunto para todo o concelho, pois verificou que as questões de defesa do consumidor ainda são bastante desconhecidas para a maioria da população.